sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Nunca se roubou tão pouco



Não sendo petista, e sim tucano, 
sinto-me à vontade para 
constatar que essa onda de 
prisões de executivos é um passo 
histórico para este país

Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.

Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.

Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos "cochons des dix pour cent", os porquinhos que cobravam por fora sobre a totalidade da importação de barris de petróleo em décadas passadas.

Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão — cem vezes mais do que o caso Petrobras — pelos empresários?

Virou moda fugir para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?

Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.

Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.

É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.

Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.

Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.

A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.

O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.

É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.

A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.

Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.

Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?

Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.

O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.

Ricardo Semler, empresário, é sócio da Semco Partners. Foi professor visitante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA)
No fAlha, via http://www.contextolivre.com.br/2014/11/nunca-se-roubou-tao-pouco.html

E o Brasil passou a odiar a corrupção...


Ocorre um fenômeno hoje no Brasil.
De repente, assim do nada, todos os agentes que há séculos se valeram, estimularam, se refestelaram, se envolveram até o pescoço, chafurdaram, se lambuzaram, e fizeram da corrupção o seu modo de vida, estão agora frontalmente contra ela, posando de paladinos na luta para exterminá-la da cultura brasileira.
Juízes, delegados, policiais, políticos, empresários em geral e donos de jornais em particular, jornalistas ... um mundo de gente se engajou na moda anticorrupção, e como prêmio tem seu nome estampado nos jornalões, naquelas que antigamente se chamavam de "letras garrafais".

Luzes, câmera, ação!
O Brasil está sendo passado a limpo, anunciam os neoarautos da moralidade pública!
Não sobrará pedra sobre pedra, diz a presidenta!
Seus opositores, porém, tentam a todo custo mostrar que eles, sim, são os responsáveis por essa tremenda depuração - eles, os homens de bem. 
Escândalos são divulgados diariamente, como se houvesse uma máquina construída exatamente para isso - torná-los públicos com a regularidade e precisão de um relógio suíço.
Na verdade, o Brasil afunda na hipocrisia.
Prender corruptos é algo que deveria ter sido feito há muito tempo, desde sempre.
Mas o fato é que desde sempre a corrupção está entranhada na sociedade brasileira, faz parte do dia a dia de todos nós, desde o cidadão comum que tem preguiça ou teme não passar num exame de motorista e acaba comprando uma nova carteira de habilitação, até o empresário que suborna um servidor público para obter alguma facilidade para o seu negócio.
O Brasil sempre foi corrupto - assim como praticamente todos os demais países.
O problema todo é que somente há poucos anos, exatamente quando se iniciou o ciclo dos governos do PT - esses mesmos governos acusados de serem os mais corruptos da história, quiçá até de terem introduzido a execrável prática no país - é que a corrupção começou a ser combatida como deve, por meios institucionais, como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União.
O que se vê hoje é 90% tentativa de desestabilizar o governo Dilma, demonizar o PT, principalmente, do que uma ação séria contra a corrupção. 
A principal consequência desse espetáculo de hipocrisia que os jornalões apresentam diariamente será paralisar o governo, e, assim, atrasar as medidas econômicas, políticas e sociais necessárias para o desenvolvimento do Brasil.
Mas é claro que é isso mesmo que querem os nossos cruzados pela ética e moralidade...
Do : http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2014/11/e-o-brasil-passou-odiar-corrupcao.html#more

Grã-Bretanha testa 1º ônibus movido a fezes e lixo


Ônibus pode rodar até 300 quilômetros com um tanque de gás produzido com fezes e lixo
"Um ônibus movido a fezes e lixo já está rodando entre as cidades de Bristol e Bath, na Grã-Bretanha.

Da BBC Brasil  

O chamado Bio-Bus tem 40 assentos e opera com gás biometano, gerado a partir do tratamento de esgoto e lixo doméstico.

O veículo ecológico pode rodar até 300 quilômetros com um tanque de gás, que é produzido a partir do lixo anual de cinco pessoas.

Seu motor tem um design similar ao dos motores convencionais. No entanto, o diferencial está na contrapartida ecológica: o ônibus emite 30% menos dióxido de carbono se comparado aos movidos a diesel.

A linha é operada pela Bath Bus Company e vai do aeroporto de Bristol ao centro de Bath - um serviço que transporta cerca de 10 mil passageiros por mês.

Esgoto
 
Gás biometano é gerado a partir do tratamento do esgoto da cidade de Bristol
O gás biometano usado pelo ônibus é gerado a partir do tratamento do esgoto de Bristol.

O composto é resultado da digestão anaeróbica das bactérias (quando esses microorganismos quebram a matéria orgânica em ambientes sem oxigênio).

Mas para se tornar combustível para o veículo, o biogás ainda tem de ser "turbinado". Nesse processo, o dióxido de carbono é removido e o gás propano é adicionado.

A cidade processa cerca de 75 milhões de metros cúbicos de esgoto e 35 mil toneladas de lixo doméstico por ano. Apenas o lixo anual de uma pessoa (tanto o descarte de alimentos quanto o esgoto) gera combustível para o ônibus rodar 60 quilômetros.

Segundo Collin Field, da Bath Bus Company, o lançamento do ônibus agora é bastante apropriado, já que Bristol será a Capital Verde da Europa no ano que vem."

Lei de FHC afrouxou controles da Petrobras


"Conhecida como "Lei do Petróleo", a Lei 9478/97, idealizada por David Zylberstajn, ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, fragilizou os critérios de governança da Petrobras; até então, as contratações da companhia estavam submetidas à rigorosa Lei 8.666, de licitações; com a abertura do mercado brasileiro de petróleo a firmas internacionais, feita por FHC e Zylberstajn, ex-genro do ex-presidente, a Petrobras ganhou o direito de contratar sem licitações; só nos últimos quatro anos, foram R$ 70 bilhões, segundo o TCU; FHC hoje se diz "envergonhado", mas sua lei contribuiu para a ascensão de personagens como Pedro Barusco, o gerente da companhia que se tornou o corrupto de US$ 100 milhões, que contratou bilhões nos últimos anos

Brasil 247 

A origem do escândalo de corrupção que atinge a Petrobras pode ser a lei 9478/97, idealizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por seu ex-genro David Zylberstajn, que presidiu a Agência Nacional do Petróleo.
Conhecida como "Lei do Petróleo", a 9478/97 abriu o mercado brasileiro a firmas internacionais e, em compensação, permitiu que a Petrobras adotasse regras mais flexíveis para contratar bens e serviços.

A partir daquele ano, a empresa foi dispensa da Lei de Licitações, a duríssima 8.666, e ganhou poderes para contratar de forma simplificada – em muitos casos, até por meio de carta-convite.

Ontem, no Congresso Nacional, o secretário de Fiscalização de Obras para a Área de Energia do Tribunal de Contas da União (TCU), Rafael Jardim Cavalcante, afirmou que a estatal petrolífera realizou a maior parte das contratações diretas de bens entre os anos de 2011 e 2014 sem licitação.

"Não temos ainda números definitivos, mas nos últimos quatro anos eventualmente em bens a Petrobrás talvez tenha contratado entre R$ 60 e R$ 70 bilhões. Levantamentos preliminares, e peço a paciência e a compreensão sobre a higidez desse número, apontam que de 60% a mais de 70%, dessas contratações de bens são feitas sem licitação. Para avaliar, antes do certo e errado, qual é o risco em termos de boa governança corporativo dessa prática e dessa previsão legal?", questionou.

Quando a lei foi adotada, no governo FHC, dizia-se que a estatal precisava de maior flexibilidade para concorrer com firmas internacionais. O presidente escolhido para comandar a empresa, Henri Philippe Reichstul, orgulhava-se de dizer que geria a Petrobras como uma empresa privada e fez vários negócios que, hoje são objeto de contestação judicial – como uma polêmica troca de ativos com a espanhola Repsol, assinada no apagar das luzes do governo FHC.

No governo Lula, a Petrobras viveu seu maior ciclo de investimentos. O gerente-executivo Pedro Barusco, hoje conhecido como o corrupto de US$ 100 milhões, teve poderes para contratar nada menos que R$ 15 bilhões em sondas e plataformas que foram fretadas à Petrobras pelo grupo Schahin.

Em 2010, a facilidade com que a Petrobras contratava, sem licitações, foi questionada junto ao Supremo Tribunal Federal. Com parecer do então advogado Luis Roberto Barros, hoje ministro do STF, a Petrobras continuou livre da lei de licitações, numa decisão que teve voto favorável do ministro Dias Toffoli (leia aqui reportagem do Conjur a respeito).

FHC hoje se diz envergonhado com o que ocorreu na Petrobras, mas ele talvez tenha sido um dos responsáveis pelo surgimento de Baruscos na empresa."

A democracia brasileira no século XXI: você prefere participar ou reclamar?


César Zanin, Pragmatismo Político 


"No fim do século passado surgiu a doutrina política e econômica chamada neoliberalismo, favorecendo a redução do papel do Estado em parte do mundo, Brasil incluso (com Fernando Henrique Cardoso); os governos que adotaram esse pensamento privatizaram empresas estatais, desregulamentaram e reduziram despesas, buscando o Estado mínimo, onde em nome da liberdade o Estado passa a não ter mais obrigação de controlar a vida dos cidadãos, cabendo então a produção e a promoção do bem-estar aos indivíduos, que competem entre si com base na meritocracia, que destina os indivíduos a classes sociais distintas, aceitando a desigualdade social como natural e apelando para a caridade voluntária para amenizá-la. Esse conceito é uma atualização do pensamento de direita, adaptando o capitalismo, que justificações, pelos conservadores, que se dizem liberais.

Desde a queda do muro de Berlim e o colapso da União Soviética a esquerda vem se reinventando em todo o mundo, abandonando quaisquer traços que possam servir de ligação com os métodos nefastos utilizados nos regimes comunistas totalitaristas (o último regime comunista totalitário ainda presente no mundo é o da Coreia do Norte).

A esquerda atualiza os preceitos do socialismo para buscar a igualdade social, o reconhecimento de direitos civis, o combate à corrupção e à impunidade e o desenvolvimento solidário, assumindo o bem estar do cidadão como obrigação do estado. Quem defende esses valores é chamado de progressista. Nos últimos anos vários países nas américas e na Europa elegeram governos com orientação progressista, de esquerda. O Brasil é um deles.

Apesar de existirem outros modos de se pensar a política, em nossa sociedade não há organização significativa afora os dois grandes polos supracitados.

O primeiro governo federal brasileiro amplamente considerado de esquerda foi o de João Goulart, que se não contarmos o parlamentarismo forçado pelos militares entre 1961 e 1963, durou cerca de um ano apenas, entre 1963 e 1964, quando um golpe militar tomou o poder do país instaurando uma ditadura militar de direita que durou cerca de 20 anos.

Desde o governo reformista de Goulart, de esquerda, todos os governos federais brasileiros foram de direita.

O Brasil só voltou a ter um governo federal de esquerda em 2003 com a eleição de Lulaà presidência. Sim, a partir de 1964 o Brasil teve quase 40 anos de governos de direita e agora vamos entrar no décimo terceiro ano de governos de esquerda.

PT, de Lula e Dilma, é o maior partido de esquerda do Brasil, nasceu no final da ditadura militar e sempre defendeu a social-democracia, optou pelo consenso através do diálogo ao invés da revolução armada, tanto que é visto por muitos como sendo um partido de centro.

PSOL é o partido de esquerda pura que mais cresce no Brasil hoje, e defende a democracia.

PSDB, de FHC e Aécio, que já foi um partido de centro mas que hoje na prática é de direita, se diz democrático até no nome, assim como o PMDB, que como MDB se opôs à ditadura militar mas atualmente se alia a quem quer que esteja no poder.

DEM, antigo PFL (que antes foi PDS e antes ainda foi ARENA – o partido da ditadura militar brasileira), é de direita e conservador e se diz democrata, nada mais.

Ou seja, podemos dizer que a democracia é um regime político bem aceito no Brasil, tanto pela esquerda quanto pela direita, certo? Ou melhor, a democracia é o regime político que tanto a esquerda quanto a direita querem e buscam no Brasil, não é mesmo?

Sim e não. Querem e ao mesmo tempo não.

E nem estou me referindo à pertinácia de grande parte dos aspirantes ao poder no Brasil, que historicamente encara mandato eleitoral como concessão vitalícia, apropriando-se do poder de forma egoísta, tratando a coisa pública como privilegio de apenas uma parte dos brasileiros.

Podemos dizer que a igualdade, a liberdade e o Estado de direito foram identificadas com características importantes de qualquer forma de democracia, desde os tempos antigos, mas simplesmente não existe consenso sobre a forma correta de definir a democracia.

Sim, é uma questão espinhosa.

Ok, mas afinal que democracia querem os brasileiros?

Vamos lá, o Brasil é uma república federal presidencialista, de regime representativo.

Nosso país, que perante a nossa lei é erroneamente chamado de Estado Brasileiro, é uma federação pois é composto de estados dotados de autonomia política (além da Constituição Federal promulgam suas próprias Constituições).

O Federalismo no Brasil a grosso modo segue o modelo dos EUA, porém enquanto os EUA criaram-se porque diferentes entidades queriam ser guiadas por uma autoridade política comum, os Estados Unidos do Brasil tinham por finalidade ganhar autonomia de um Governo Central já estabelecido durante o governo de Dom Pedro II.

Em ordem decrescente, além dos estados, temos também os municípios. Cada um desses três entes é autônomo: União, estados e municípios. O Estado brasileiro é dividido primordialmente em três esferas de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. Cada um desses três poderes é soberano e independente.

Ao Executivo cabe a atividade administrativa do Estado, a implementação do que determina a lei, atendendo às necessidades da população; ao Judiciário cabe a função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, em face da resolução dos conflitos; ao Legislativo cabe a função de produzir leis e fiscaliza-las.

É uma república porque o chefe de estado é eletivo e temporário. É uma república presidencial porque as funções de chefe de Estado e chefe de governo estão reunidas no Presidente da República.

É uma democracia representativa porque o povo exerce sua soberania, indiretamente, elegendo os chefes do poder executivo e os seus representantes nos órgãos legislativos.

Para que o povo exercesse sua soberania de forma plena e permanente, a democracia deveria ser direta, isto é, com consultas públicas para definir todas as decisões a serem tomadas. Infelizmente em qualquer país com as dimensões do Brasil (território continental e população pouco politizada), uma democracia direta poderia provocar muita confusão. Mas mesmo numa democracia representativa é possível para o povo exercer sua soberania além das eleições, diretamente via plebiscitos, referendos e iniciativas populares.

No Brasil infelizmente a soberania popular se limita às eleições, uma vez eleitos os políticos respondem pelo povo e o povo não participa de quaisquer decisões.

O Poder Executivo é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 76 a 91. Desde 1891 o exercente do executivo federal é o Presidente da República, sendo também comandante-em-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.

Os colaboradores que auxiliam o Presidente da República nas tarefas administrativas são os Ministros de Estado. O exercente do executivo estadual é o Governador do Estado, enquanto comandante-em-chefe da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. Os colaboradores que auxiliam o Governador do Estado são os Secretários de Estado. O exercente do executivo municipal, enquanto comandante-em-chefe da então chamada Guarda Municipal, é o Prefeito. Os colaboradores que auxiliam o Prefeito são os Secretários Municipais.

Das muitas tarefas que devem ser desempenhadas pelo Poder Executivo para garantir a realização do bem comum, é destacada a segurança pública.
polícia militar (PM) – segundo o conceito usado internacionalmente – é a corporação que exerce o poder de polícia no âmbito interno das forças armadas, garantindo a segurança, a ordem e a lei no seu seio. Geralmente, a sua ação limita-se apenas às instalações e aos membros das forças armadas, mas no Brasil temos um disparate: as polícias militares estaduais desempenham a função de polícia ostensiva, juntamente com a de preservação da ordem pública (com caráter híbrido de policiamento preventivo-repressivo). As PMs no Brasil são um resquício da ditadura militar. Ou seja, ao invés de uma polícia priorizando o bem-estar do cidadão e o cumprimento da lei, não, aqui também temos uma duplicidade: duas polícias – a PM e a polícia civil – que deveriam ser apenas uma, desmilitarizada.

O Judiciário brasileiro é organizado numa estrutura formada por instâncias ou graus de jurisdição, dividida em vários órgãos que funcionam de maneira hierárquica.

A primeira das instâncias é composta pelo Juízo de Direito de uma comarca (divisão do território brasileiro que engloba vários municípios). Cada comarca possui juízes habilitados para julgar as causas civis e penais; e nela também se encontram juízos do Trabalho, Eleitoral e Federal. Se, após a decisão do juiz ou de um Tribunal do Júri, uma das partes do processo não concordar com o resultado e pedir que ele seja reexaminado, a ação poderá ser submetida a uma instância superior.

A segunda instância vai reavaliar a matéria e pode mudar a decisão tomada pelo primeiro juiz. Cada órgão de segunda instância – formada pelos tribunais de Justiça, e pelos tribunais regionais Federal, Eleitoral e do Trabalho – é composto por vários juízes, que formam um colegiado e julgam em conjunto.

Os juízes dos tribunais de Justiça são chamados desembargadores; os dos tribunais regionais federais denominam-se desembargadores federais.

Existem ainda os chamados Tribunais Superiores – Tribunal Superior Eleitoral, Superior Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal de Justiça – para os quais é possível recorrer, buscando preservar de forma mediata o interesse das partes. Por fim, há ainda o Supremo Tribunal Federal.

Ou seja, a decisão do juiz de primeira instância só fica valendo se as partes aceitarem, se não basta empurrar para outra instância e fazer tudo de novo, pois o mesmo processo pode ser avaliado e julgado várias vezes, tomando tempo e dinheiro das partes e onerando os quadros e cofres públicos. Enquanto isso a causa continua em aberto e certamente alguém está sendo prejudicado e alguém está sendo favorecido, pois depois de um prazo determinado por lei, o criminoso não pode mais ser condenado (a isso chamamos de prescrição).

VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, que aconteceu em Florianópolis nos dias 10 e 11/11/2014, nos mostra que o numero de ações judiciais à espera de julgamento cresceu em 15% de 2009 a 2013 e que o número de processos não julgados cresceu em 11,86%. Se mantivermos esse ritmo, em 2020 poderemos ter 114 milhões de processos na fila de espera por julgamento. A ineficiência desse sistema sem dúvida resulta em injustiças.

Alguém sabe quanto custa para nosso país esse monte de instâncias?
Nos tribunais de segunda instância tramitam apenas 7% dos processos judiciais em andamento, mas esses tribunais e desembargadores contam proporcionalmente com muito mais funcionários e estrutura que a primeira instância, na qual hoje se localizam 93% dos processos.

E principalmente, quem é que tem condições de se beneficiar recorrendo de instância em instância? O trombadinha executado pela PM na periferia definitivamente não. Corruptores, políticos e corruptos em geral, endinheirados, sim, se beneficiam e continuam livres e cometendo mais crimes.

Um exemplo: dos quase 300 deputados e senadores que nesta eleição de outubro de 2014 foram reeleitos para o Parlamento, 73 estão sob investigação no Supremo Tribunal Federal. Nenhum partido na Câmara, por exemplo, elegeu bancada tão numerosa. Juntos, os reeleitos colecionam cerca de 150 inquéritos e ações penais. A Operação Lava Jato pode aumentar o número de parlamentares reeleitos sob investigação no Supremo.

Graças à lei nº 12.846, que define como corruptores tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas (sancionada no final de 2013 e que entrou em vigor em janeiro passado), a operação Lava-Jato, que chega a sua sétima fase, conseguiu efetuar a prisão por corrupção de executivos de grandes empreiteiras, fato inédito no Brasil. A delação premiada, também prevista nesta lei (assim como na lei contra lavagem de dinheiro) beneficia as pessoas jurídicas que, assim como pessoas físicas (como Paulo Roberto Costa), decidirem colaborar com as investigações, fornecendo informações importantes que venham a ser comprovadas. Mas ainda há muito a se fazer para melhorar.

O Legislativo brasileiro é bicameral a nível federal e unicameral a níveis estadual e municipal. Bicameral? Sim, resumindo, podemos dizer que Câmara dos deputados e Senado existem para fazer a mesma coisa.

Para não ficar tão descarada essa duplicidade, dividiram algumas atribuições e estabeleceram que todas as decisões devem ser aprovadas pelas duas câmaras (sim, uma elabora, manda para a outra, que pode revisar e então devolver para votação uma vez mais), ou seja, uma burocracia danada.

Cada um dos 26 estados (mais o distrito federal) tem a sua própria assembleia legislativa com seus deputados estaduais (distritais no caso do DF) e cada um dos 5570 municípios tem sua câmara municipal com seus vereadores. Diferentemente do nível federal, nos níveis estadual e municipal temos uma câmara apenas, portanto.

Menos complicado, certo? Sim, mas nem sempre foi assim, já tivemos senado também em 8 estados brasileiros; em São Paulo, por exemplo, tivemos o senado estadual por quase 40 anos.

Sim, havia o senado federal e também o senado estadual! Sabe quem é bicameral seja a nível federal seja a nível estadual? Os EUA; sim, justamente os que são usados como exemplo pelos defensores do estado mínimo aqui no Brasil. Oras, os EUA são vistos como Estado mínimo para terceirizar e para não oferecer serviços aos cidadãos, mas na hora de enxugar a própria máquina de governo, não percebem que para eles não basta uma câmera e um senado no governo federal, tem que ter uma câmera e um senado em cada estado também. Para mim isso não faz sentido, se querem Estado mínimo, que seja mínimo também no tamanho da máquina, oras.

Seja no Estado mínimo dos conservadores, seja no Estado provedor dos progressistas, um Legislativo bicameral não se justifica. Por que insistir nessa disparidade eu não sei, mesmo porque o bicameralismo surgiu para que a chamada câmara baixa (deputados) representasse os comuns e a chamada câmara alta (senado) representasse os nobres, ou seja, um absurdo para nossa sociedade contemporânea.

Países distintos como Suécia China são unicamerais, isto é, sem senado, beneficiando-se de uma maior simplicidade do processo legislativo, evitando o paradoxo entre as câmaras também apresentando custos menores.
Concordo com os conservadores quando defendem o enxugamento da máquina, mas não concordo com o Estado mínimo. Creio num Estado provedor, que sirva ao povo como um todo, mas que seja enxuto, pelo bem de todos. É um absurdo termos tantas instâncias no Judiciário, que no fim das contas não funciona como deveria.

É um absurdo termos um salario mínimo de R$ 724,00 e nossos parlamentares e agentes do Judiciário custarem o que custam aos cofres públicos; eu defendo menos regalias para eles, defendo salários para mandatários, parlamentares e agentes judiciários que sejam compatíveis com os salários de policiais e professores. Quero dizer, não como os professores da USP (como FHC) que ganham mais do que os R$ 20,7 mil do governador, me refiro à grande maioria dos professores brasileiros, que trabalham muito e deveriam ganhar mais.

Duas câmaras com a mesma finalidade? Não, abaixo o Senado.

Por que uma polícia militar nas ruas num país que não está em tempo de guerra? Por que não treinar e valorizar os policiais civis, destinar uma parte deles para o policiamento ostensivo e fazer com que os crimes passem a ser realmente investigados?

Para que tantos ministérios? Para que tantos deputados estaduais e vereadores? E principalmente, para que tantos benefícios? Para que tantos assessores e secretários? Para que tantas verbas? Tenho convicção que muita gente concorda em relação a essas coisas, seja de direita seja de esquerda.
Como mudar esse quadro democraticamente? Com reformas.
Quem está disposto a lutar por reformas democraticamente no Brasil hoje? Boa parte dos brasileiros está.

Dois exemplos: a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas já conseguiu juntar mais de 640 mil assinaturas; a “Marcha popular pelas reformas” realizada em 13/11/2014 em São Paulo, reuniu 12 mil pessoas debaixo de chuva e é uma resposta aos 2 mil manifestantes que, seis dias após a reeleição de Dilma foram às ruas pedir o impeachment da presidente e defender a necessidade de uma “intervenção militar” no país.

Com milhões de pessoas se manifestando nas ruas de várias cidades brasileiras nas chamadas jornadas de junho de 2013, iniciou-se um período de intenso debate político no Brasil, ainda mais acirrado com a campanha para as eleições de outubro agora.

Não podemos dizer que a primeira metade do governo de Dilma tenha sido exatamente reformista, mas desde as jornadas de junho de 2013 isso vem mudando. Ao propor os “cinco pactos”, na onda de respostas às manifestações, a presidente defendeu a reforma política com plebiscito. Ela chegou a enviar uma proposta ao Congresso, enterrada pelos parlamentares em menos de duas semanas.

Dilma fez sua campanha para a reeleição pautando várias propostas de reformas e defendendo uma maior participação dos eleitores nas decisões do governo.

Na lista de propostas da presidente temos a reforma política (para regular o financiamento de campanha eleitoral, definir o sistema eleitoral, as coligações partidárias, entre outras coisas necessárias também para o combate à corrupção), a reforma federativa (para redefinir as competências da União, dos estados e municípios em relação a saúde, educação e segurança pública, interligando os cadastros e padronizando a atuação; inclui a discussão sobre a reforma tributária), a reforma urbana (envolvendo propostas para saneamento, habitação, mobilidade, transporte coletivo, tarifas; além de repensar a questão da autonomia política das áreas metropolitanas) e a regulação econômica da mídia (impedindo práticas monopolistas, sem que isso implique em qualquer forma de censura, limitação ou controle de conteúdo).
São reformas que servirão para melhorar a vida dos brasileiros, para elevar o Brasil ao mesmo patamar de países ditos desenvolvidos e democráticos, como os países nórdicos por exemplo.

Mas se a presidente está disposta a discutir com a sociedade para aprovar reformas necessárias para melhorar o que tanta gente reclama, por que a coisa não anda?

Você sabia que apesar do Presidente da República ser a autoridade máxima do país, é o Congresso (Câmara dos Deputados e Senadores) que tem a palavra final? Se o Presidente propor uma lei, o Congresso tem que aprovar para ter validade, ou seja, o Presidente pode querer fazer algo e o Congresso não deixar. Se o Congresso propor uma lei, o presidente pode vetar, mas o congresso pode anular o veto do Presidente, ou seja, o Presidente pode não querer fazer e o Congresso obrigar.

Enquanto isso o povo sofre as consequências desses jogos do poder sem participar das decisões que afetam a vida de todos.

Além das eleições, o povo poderia participar através de plebiscitos e outras iniciativas, direcionando os políticos eleitos para que a vontade da maioria fosse ouvida na hora de tomar as decisões que afetarão a vida dos brasileiros, pois o que vem acontecendo é que a partir do momento em que os políticos eleitos tomam posse, eles agem como querem, sem ouvir os eleitores que os elegeram.

Não é à toa que esses políticos aprovam aumentos salariais para si próprios de forma ágil enquanto deixam de votar matérias importantes para a todos os brasileiros. Um exemplo é a Comissão de Trabalho da Câmara que aprovou em 05/11/2014 o texto que prevê que o salário dos ministros do Supremo e do procurador-geral da República passem dos atuais R$ 29.462,25 para R$ 35.919,05. O impacto no orçamento pelo efeito cascata do aumento será de R$ 872,3 milhões ao ano. A Comissão também aprovou na mesma data o Projeto de Lei 7920/14, do STF, que reajusta os salários dos servidores do Poder Judiciário da União. Pelo texto, o aumento será implementado em parcelas, até 2017. O impacto orçamentário para 2015 é de R$ 1,473 bilhão.

Você sabe quanto ganha um deputado federal no Brasil entre salario e benefícios? R$ 1,79 milhões ao ano.

Os 513 deputados juntos ganham quase 1 bilhão de reais ao ano.
Pois bem, os deputados federais derrubaram o decreto presidencial que criou a Política Nacional de Participação Social, sob o pretexto de que a participação popular prevista no decreto invadiria as prerrogativas do Legislativo.
Muita gente comemorou, alegando que o governo petista quer instalar o bolivarismo no Brasil. Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé (em entrevista à Veja) “o bolivarismo é uma forma de autoritarismo que parece que não é”, onde “os conselhos populares que seriam criados pelo decreto são soviets aparelhados com profissionais militantes pagos com dinheiro público para cercear a autonomia institucional”.

Por outro lado, muita gente lamentou, alegando que numa democracia a participação popular é fundamental.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse na abertura da 42ª Reunião Nacional do Conselho das Cidades: “nunca falamos em inventar conselhos, falamos simplesmente em organizar e aprofundar a participação social”.

Em seu discurso de retorno ao Senado após as eleições, Aécio anunciou ser o líder da oposição e deixou bem claro que vai boicotar as propostas do governo de Dilma Rousseff.

Não condenou as insanidades de parte de seus eleitores que se manifestam pedindo um golpe militar para tomar o poder à força e voltou a atacar o PT com acusações e denúncias, incitando à polarização. Voltou a dizer que caso eleito presidente iria manter os programas sociais do atual governo (os mesmos programas que ele próprio e seu partido atacaram e criticaram desde o início, durante anos, parando apenas na campanha eleitoral).

A história dele ter “aconselhado” a presidenta a unir o país é retórica pura, em seu discurso ficou claro que ele ainda está em campanha.

Condicionou sua suspeita disposição ao diálogo ao aprofundamento das investigações na Petrobras (como se a operação Lava-Jato já não estivesse acontecendo) e já adiantou que é contra a regulação da mídia e contra qualquer iniciativa de participação popular. Ele defende a manutenção do controle do poder nas mãos do congresso.

Não fica claro que tipo de reformas ele defende, o que fica claro é que quaisquer que sejam, os detalhes não são da conta do povo.
É como dizer a todos os brasileiros: “Pessoal, vocês já exerceram sua soberania popular elegendo os políticos, agora deixem com os políticos, os políticos cuidarão de tudo para vocês, nos veremos novamente nas próximas eleições”.

As propostas de reformas do governo reeleito de Dilma estão plenamente de acordo com as demandas atuais no mundo democrático. Aqui dois exemplos notórios:

1. Nessas eleições norte-americanas, além de eleger os candidatos, os eleitores também tomaram parte de mais de cem plebiscitos importantes;

2. Na Inglaterra foi recentemente aprovada a regulação da mídia, como já fizeram outros países desenvolvidos.

Quem insiste em vociferar contra o governo democraticamente eleito e tenta atrelar ao PT termos como bolivarismo, ditadura ou comunismo, demonstra preguiça ou má intenção.

Enquanto não esquecermos as diferenças ideológicas para nos concentrarmos na construção de um Brasil melhor para todos, teremos essa divisão bem marcada entre povo e agentes do poder (políticos, agentes do Judiciário etc), com o resultado podre que já conhecemos: povo deixado para trás e agentes do poder garantindo regalias para si próprios.

Rivalidade em campanha eleitoral é compreensível, mas a eleição já foi.
Precisamos acabar com essa mania de eleger os políticos e depois apenas reclamar dos problemas, até a próxima eleição.

Mesmo quando aprendermos a eleger melhor, ainda assim será positiva a participação popular no decorrer dos mandatos. Não quero dizer com isso que todos os cidadãos deverão se transformar em militantes ou agentes; cada um participa como quiser, como puder; todos temos nossas vidas particulares e devemos ter momentos de lazer.

A participação popular pode se dar através de consultas públicas como plebiscitos, que são plenamente compatíveis com a manutenção da vida particular de todos sem o menor conflito.

A participação popular não é uma ameaça para quaisquer esferas do poder político, pelo contrário, facilita seu melhor desempenho.

A participação popular é algo negativo apenas para os maus políticos, para os corruptores e os corruptos.

Para os cidadãos de bem, sejam eles de direita ou de esquerda, a participação popular é algo extremamente positivo. É a base de uma democracia efetiva.
Que venham as reformas para um Brasil melhor para todos, através do diálogo e respeitando a vontade da maioria, isto é, democraticamente!"

*César Zanin é tradutor, professor, escritor, produtor e colaborador em Pragmatismo Político

DESEMPENHO PÍFIO,BAIXA PRODUTIVIDADE E FALTA DE PROJETOS. COMO EXPLICAR A “POPULARIDADE” DE AÉCIO?


O SENADOR TUCANO AÉCIO NEVES CONTA COM PRESTÍGIO E POPULARIDADE INVERSAMENTE PROPORCIONAL À EFICÁCIA DO SEU DESEMPENHO COMO PARLAMENTAR.

Alçado ao posto de maior líder da oposição após ser derrotado na corrida presidencial deste ano, o senador tucano Aécio Neves conta com prestígio e popularidade inversamente proporcional à eficácia do seu desempenho como formulador e debatedor de propostas para solucionar os problemas nacionais.
Eleito senador para o mandato que começou em 2011 e termina em 2018, surfa na popularidade obtida pelo seu histórico familiar de neto e sucessor do ex-presidente Tancredo Neves. Agrega crescente número de apoiadores, primeiro como presidente da Câmara Federal, depois como governador de Minas Gerais e, já eleito senador, como presidente do PSDB e, por fim, como candidato à presidência pelo maior partido de oposição.
Isso faz com que, desde que foi eleito senador, Aécio frequente os vários rankings dos parlamentares mais influentes do país e desfrute de espaço privilegiado na mídia. Entretanto, nas atividades estritamente legislativas, seu desempenho é pífio. Em quatro anos no cargo, só assinou 163 proposições, sendo 142 delas requerimentos, ou seja, meros pedidos de informação.
Entre as proposições mais importantes constam apenas duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs). E ambas coletivas, formuladas por dezenas de parlamentares. Já os Projetos de Lei do Senado (PLS) foram apenas 16, sendo três deles coletivos. Dos 13 restantes, um foi retirado de pauta pelo próprio autor. Aécio, portanto, elaborou uma média de três projetos por ano.
As PECS coletivas tratam de mudanças no pacto federativo, com o aumento no repasse que a União faz para estados e municípios. Ambas foram assinadas pela maioria dos senadores da casa. Dois dos PLSs dizem respeito ao projeto de reformulação do Bolsa Família, que ele apresentou ao país durante a última corrida eleitoral. Os outros 11 cuidam de outras mudanças no pacto federativo e de isenções para categorias especificas, como o setor elétrico.
A título de comparação, o senador Humberto Costa (PT- PE) apresentou dez PECs e 62 PLSs no mesmo período. Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) assina 19 PECs e 75 PLSs. A produtividade parlamentar do ex-candidato tucano à presidência é superada até mesmo pelo seu ex-candidato à vice, Aloysio Nunes (PSDB-SP), que apresentou nove PECs e 22 PLSs.
Os números da atuação política de Aécio Neves também não são expressivos nos debates em plenário. Nesses primeiros anos de mandato, fez somente 141 pronunciamentos, uma média de 2,9 por mês, e 21 apartes, menos de um a cada dois meses.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), por exemplo, fez 576 pronunciamentos e 137 apartes. Eduardo Suplicy (PT-SP), 718 pronunciamentos e 214 apartes. Ana Amélia, 926 pronunciamentos e 356 apartes.
Seu desempenho é um pouco melhor na relatoria de propostas de outros parlamentares. Participa como titular da comissão mais prestigiada da casa, a de Constituição e Justiça, e é suplente da de Assuntos Sociais. De 2011 até hoje, foi relator de cinco PECs e é ou foi relator de 40 projetos de lei da Câmara e do Sendo.
Perfil “articulador”
De acordo com o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), Antônio Augusto de Queiroz, responsável pela divulgação anual da lista dos “Cabeças do Congresso Nacional”, o tucano tem grande influência política devido ao histórico familiar, à projeção que alcançou como presidente da Câmara e posteriormente do PSDB e, é claro, ao espaço positivo que conquista na mídia. “As pessoas vão ouvi-lo quando ele faz um pronunciamento. Aécio tem prestígio”, afirma.
Queiroz esclarece que a pesquisa detectou que Aécio tem perfil “articulador”, definido como um parlamentar cuja facilidade de interpretar o pensamento da maioria os credencia a ordenar e criar as condições para o consenso.  Outros exemplos de articuladores são Humberto Costa (PT-PE) e Fernando Collor (PTB-AL).
“Normalmente, têm livre acesso aos bastidores, ao poder institucional e alto grau de fidelidade às diretrizes partidárias ou ideológicas do grupo político que integram. Não são necessariamente eruditos, intelectuais, mas possuem instinto político e o dom da síntese”, diz o documento do Diap.
Outras perfis dos “cabeças”
O Diap também classifica os “cabeças” do Congresso em outras quatro categorias.  Os mais produtivos são os formuladores, que se dedicam à elaboração de textos com propostas para deliberação: as PECs, Pls e outros. Exemplos são Romero Jucá (PMDB-RR) e Claudio Puty (PT-PA).
Os mais poderosos são os “formadores de opinião”, parlamentares que, por sua respeitabilidade, credibilidade e prudência, são chamados a arbitrar conflitos ou conduzir negociações políticas de grande relevância. Eduardo Suplicy (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AC) são exemplos desta categoria.
Há também os “negociadores”, aqueles parlamentares que, investidos de autoridade para firmar e honrar compromissos, se sentam à mesa de negociação respaldados para tomar decisões. Walter Pinheiro (PT-BA) e Beto Albuquerque (PSB-RS ), que foi candidato a vice pela chapa de Marina Silva.
E, por fim, os “debatedores”, parlamentares ativos, atentos aos acontecimentos e principalmente com grande senso de oportunidade e capacidade de repercutir, seja no plenário ou na imprensa, os fatos políticos  gerados dentro ou fora do Congresso. Exemplos são Randolfe Rodrigues (PSOL-AC) e Ana Amélia (PP-RS).
(CartaMaior)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Delator da Lava Jato já era suspeito por formação de cartel desde Mário Covas



Jornal GGN - Renato Duque é o elo com o clube de empresários milionários que formaram um cartel para fraudar contratos, licitações e participar dos esquemas de pagamento de propina com dinheiro da Petrobras. Duque, segundo informou Paulo Roberto Costa, chegou à condição de diretor de Serviços da estatal em meados de 2002, por indicação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) - condenado no processo do mensalão. Por isso a grande mídia atribuiu a Duque o apelido de "afilhado de Dirceu". Veja destaca isso, sempre que pode, nas manchetes que produz sobre a Operação Lava Jato.

“Renato Duque comandava o setor responsável pelas licitações de obras de todas as diretorias e pelo acompanhamento da execução dos contratos. Por meio dela, o PT ficava com 2% do valor de todos empreendimentos da estatal petrolífera. A Diretoria de Abastecimento, que era controlada pelo PP por intermédio de Paulo Roberto Costa, e a de Internacional, que era controlada pelo PMDB via Nestor Cerveró, ficavam com 1%”, publicou o Estadão, na tarde desta terça-feira (18).

Quem denunciou o papel central de Duque no esquema foi o executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça Neto. Essa semana, Mendonça e outro executivo do grupo, Julio Gerin de Almeida Camargo, foram destaque nos jornais por terem virado as mais novas peças-chave na Operação da Polícia Federal. Depois de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, são Mendonça e Camargo quem têm soltado o verbo e delatado empresários corruptores. Eles foram os dois primeiros executivos que pediram um acordo de delação premiada à Justiça.

Recentemente, quem traçou o perfil de Mendonça Neto na Folha foi o jornalista Mário César Carvalho. No texto, ele destaca que a Toyo-Setal é uma empresa controlada pela japonesa Toyo Engineering, e possui parcerias que somam mais de R$ 4 bilhões com a Petrobras. “Os contratos que a Toyo-Setal conquistou na Petrobras partiram de projetos e licitações da diretoria de serviços, ocupada entre 2003 e 2012 por Renato Duque, indicado ao cargo por José Dirceu”, escreveu.

Em 1999, coincidentemente, o repórter da Folha também citou em uma reportagem-denúncia os negócios de Mendonça Neto. À época, foi colocado em xeque a relação da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, então capitaneada pelo ex-deputado Marcos Mendonça (PSDB), com algumas empeiteiras. A suspeita era de formação de cartel (monopólio) para realizar as obras da Pasta. A empresa de Mendonça Neto, a PEM Engenharia, era sempre subcontratada para fazer as instalações hidráulicas e elétricas.

Augusto Mendonça, ao contrário de Duque, não recebeu da grande mídia um padrinho do nível de Dirceu, um cacique petista. Mas poderia ser associado Marcos Mendonça. O tucano foi deputado e atravessou como secretário de Cultura as gestões Mário Covas e Geraldo Alckmin em São Paulo. Hoje, Marco Mendonça preside a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.

Na reportagem de 1999, a Folha destacou que a “PEM tem como sócios dois primos do secretário Marcos Mendonça: Roberto Mendonça e Augusto Mendonça”. E informou que embora fosse questionável do ponto de vista moral, a PEM doou R$ 100 mil para a campanha de Covas. “Mas é tudo legal”.

Processo que corria na 7ª Vara de Execuções Fiscais de São Paulo denota que a Setal Engenharia, Construções e Perfurações S.A. faz parte do grupo PEM Setal, dos sócios Roberto e Augusto Mendonça, e era alvo de execução fiscal no valor de R$ 20 milhões, em 2011.

Nos autos da apresentação de embargos declaratórios, consta que “As dívidas existentes do referido grupo econômico com o Fisco chegou ao estratosférico valor de mais de R$ 168 milhões, com notável concentração desse montante sobre a empresa ora executada nestes autos [Setal Engenharia], que, sozinha, deve quase R$ 160 milhões.”

A Pem Setal trabalhou, ainda assim, com a Petrobras na construção de plataformas.

Programas sociais do Brasil podem tornar-se referência mundial no combate à fome


“Se o Brasil, que era um dos países mais desiguais do mundo, conseguiu em 12 anos reduzir a pobreza, é possível que outros países façam o mesmo”, enfatizou a ministra. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil.


A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, falou hoje (18) sobre a experiência brasileira no combate à pobreza. Segundo a ministra, o Brasil tem muito a comemorar nos últimos anos pelas profundas transformações em seu mapa de desigualdade.

Para a ministra, a primeira edição do Seminário Internacional WWP (World Without Poverty) – Um Mundo sem Pobreza ser realizada no Brasil mostra que a experiência acumulada com programas como Brasil Sem Miséria e Bolsa Família podem indicar em qual direção os esforços governamentais deverão se orientar para combater e reduzir os índices de pobreza e desigualdade. Segundo Tereza Campello, mais do que transferência de renda, o Bolsa Família se mostrou uma eficaz política de combate à pobreza, pois vem atuando em diferentes dimensões, como a renda, a inclusão produtiva e o acesso à educação e serviços, por exemplo.

“Eu acho que o principal recado que a gente teve aqui nesse Seminário é que se o Brasil, que era um país tão desigual, um dos países mais desiguais do mundo, conseguiu em uma trajetória de curtíssimo prazo, em 12 anos, reduzir a pobreza do jeito que a gente reduziu, é possível sim que outros países façam o mesmo. E é possível, sim, construir um mundo sem pobreza”, afirma Tereza Campello.

O tema está sendo abordado durante os dois dias do Seminário. Pesquisadores que são referência mundial na discussão da pobreza multidimensional discutem políticas sociais para sua superação. Entre os organismos parceiros do governo brasileiro estão o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Banco Mundial, que sugeriu que a plataforma fosse sediada no Brasil.

“Quando o Banco Mundial lançou essa plataforma resolveu que o Brasil iria sediar porque a experiência mais bem-sucedida de combate a pobreza quando ela é olhada nas suas múltiplas funções, ou deficiências, a melhor experiência, mais rápida, que teve maior abrangência, mais impacto, é a brasileira. Então eles estão usando o que aconteceu aqui no Brasil como plataforma para que outros países possam se inspirar”, afirma a ministra.
(Blog do Planalto)

Suiça adota o "bolivarianismo" e faz plebiscito até sobre gestão no Banco Central.


http://www.swissinfo.ch/por/su%C3%AD%C3%A7os-votam-sobre-reservas-de-ouro-/41069696
Os reacionários brazucas vão ter um troço.

Onde já se viu o povão decidir em plebiscito como o Banco Central deve manter as reservas?

E a "meritocracia dos banqueiros"? E as tais "decisões técnicas" dos "sábios" do mercado? O que o Itaú tem a dizer em nome da Marina Silva sobre o Banco Central Independente? E Armínio Fraga em nome do Aécio?

E, horror dos horrores, isto não ocorre na Venezuela, nem no Equador, nem na Bolívia. É na Suíça!

Aqui no Brasil os reacionários demotucanos não querem plebiscito nem para povo decidir com quais regras querem escolher seus governantes e legisladores. Aí aparece a Suíça permitindo ao povão fazer ingerência até no gestão das reservas do Banco Central!

Afinal a Suíça aderiu ao Foro de São Paulo com a "ingerência política" no Banco Central? E ainda mais com participação popular na forma de plebiscito? Que coisa mais "bolivariana"!

Que conselhos a Miriam Leitão, o Sardenbeng, o Olavo de Carvalho e o Lobão podem dar aos mais endinheirados daqui que tem contas secretas por lá, muitas fruto da corrupção, sonegação e lavagem de dinheiro?

A Empiricus vai fazer um vídeo "O fim do mundo começou em Genebra!"?

E uma eleitora grã-fina do Aécio que andou falando que iria morar na Suíça com a vitória de Dilma? Para onde ir agora?

A notícia vem do Swissinfo.